quarta-feira, 18 de julho de 2012

O Futuro Parto de uma Estudante de Direito

O papai interessado deu o alarde assim que soube do bebê: precisávamos nos informar! Conheci a Roda de Mães da Baixada Santista e fui descobrindo que parto normal não é mais tão normal assim... digamos que hoje existe parto vaginal e o normal mesmo é cesárea =/

Aos poucos o assunto foi se tornando mais comum, a família e os amigos passaram a perguntar, já em tom de confirmação, se eu faria uma cesárea... e também a indignar-se ao ouvir um convicto NÃO, meu parto vai ser o mais natural possível.

Agora é assim, o normal é parto cirúrgico, com aqle corte enorme, e mtos pontos... mas o absurdo maior vem qdo dizem que de qualquer jeito vão cortar, vai ter ponto, pq atualmente episiotomia é procedimento de rotina (oi? que parte do P O D E lacerar não fica clara pra alguém que passou uns 8 anos, no minímo, estudando o corpo humano?? médico assim devia ter feito engenharia, lá sim é tudo sempre igual, vc soma um nº ao outro e o resultado é sempre o mesmo)

Fui me informando e me desesperando ao ouvir que rotina de hospital é difícil de questionar, que alguns assuntos são polêmicos... ops! eu ouvi polêmica???? aaaaah então eu tô em casa ;) Tentaram convencer a pessoa errada, agora que eu qro mesmo e vou fazer!!!

Aí vem outro absurdo... "se vc quer tanto, tem que procurar um obstetra humanizado" (acho que até então eu estava procurando obstetra veterinário neh?!), bem, então temos outro problema pq eu não vou pagar disponibilidade de ninguém e meu parto vai ser com plantonista - se a estrela sou eu, qlqr coadjuvante serve neh?! E, alguém que me cobra R$2.000,00 pra fazer algo inerente à própria profissão não é exatamente ético, e eu não estou interessada nesse tipo de "profissional"

Tendo sido apresentada à todos esses impasses, lá fui refletir sobre como eu ia garantir que tudo caminhasse para um parto natural, sem intervenções desnecessárias e sem pactuar com essa corja que se vale de um momento tão único e frágil pra extorquir gestantes.

Bem, eu passei 5 anos da minha vida estudando Direito, ouvindo, entre outras coisas:

"Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

(...)

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;(...)" - Constituição Federal

"Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:

I - os menores de dezesseis anos;

(...)

Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

(...)

Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.

(...)

Pois bem, se já não bastasse não haver lei que me obrigue a ter filho por meio cirúrgico, pois tal procedimento importa risco de vida em muitos casos até mesmo para o bebê que não tem seu momento de nascer esperado, sendo retirado do ventre materno com menos tempo que o necessário. Note-se que a Lei resguarda os direitos do nascido com vida, bem como daquele que ainda vai nascer e deposita na genitora a responsabilidade por gerir tais direitos.

Sendo assim, com a análise superficial de apenas 2 leis já é possível concluir que é um absurdo hospitais adotarem procedimentos como padrão e recusarem-se a não executá-los. O parto é MEU, o filho é MEU e quem vai decidir o que pode ou não ser feito sou EU! E vc, vai assistir um obstetra fazer o parto do seu bebê, ou vai exigir que o expectador seja ele???

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